Este estudo, publicado em
The New England Journal of Medicine, abre novas possibilidades para o cuidado e reabilitação desses pacientes.
Descobertas Chave do Estudo
O estudo, liderado por Nicholas Schiff da Universidade de Cornell, incluiu 353 adultos com distúrbios da consciência.
Através de ressonâncias magnéticas funcionais e eletroencefalogramas, foi descoberto que aproximadamente um em cada quatro pacientes que não mostravam respostas observáveis a comandos eram, de fato, capazes de realizar tarefas cognitivas de maneira encoberta.
Isso se traduz no fato de que esses pacientes, embora pareçam não reagir, podem entender instruções e manter a atenção.
A pesquisadora Yelena Bodien, autora principal do estudo, explica que esse fenômeno, denominado "dissociação cognitivo-motora", evidencia que a atividade cognitiva pode estar presente mesmo quando as respostas motoras não estão.
Essa descoberta levanta importantes questões éticas e clínicas sobre como utilizar essa capacidade cognitiva invisível para estabelecer sistemas de comunicação e melhorar a recuperação.
Implicações para a Atenção Clínica
Os achados deste estudo têm implicações significativas para a atenção de pacientes com lesões cerebrais.
Segundo o doutor Ricardo Allegri, uma das chaves deste trabalho é que poderia mudar a forma como se programam a estimulação e a reabilitação desses pacientes.
Em vez de se basear apenas na resposta a comandos, os profissionais de saúde deverão considerar a atividade cognitiva que pode não ser observável.
As famílias dos pacientes relataram que conhecer a existência dessa dissociação cognitiva motora pode mudar radicalmente a forma como a equipe clínica interage com seus entes queridos.
A atenção se torna mais sutil e mais cuidados são prestados aos comportamentos que podem ser controlados voluntariamente.
A música cura: como é empregada para curar pacientes que sofreram acidentes vasculares cerebrais O Futuro da Pesquisa em Lesões Cerebrais
A despeito dos promissores resultados do estudo, existem limitações. A falta de padronização nos testes realizados nos diferentes centros de pesquisa gerou variabilidade nos dados.
Para avançar neste campo, é crucial validar as ferramentas utilizadas e desenvolver métodos sistemáticos para avaliar os pacientes que não respondem.
O estudo sugere que a dissociação cognitivo-motora poderia estar presente em até 25% dos pacientes, ou até mais, o que destaca a necessidade de uma avaliação mais abrangente.
À medida que a pesquisa avança, é fundamental que a comunidade médica se adapte a essas novas descobertas para melhorar o atendimento e a reabilitação daqueles que sofrem lesões cerebrais.
Em conclusão, a descoberta da "consciência oculta" em pacientes com lesões cerebrais representa um avanço significativo na neurologia e no atendimento clínico, abrindo a porta para novas oportunidades de reabilitação e apoio a esses pacientes e suas famílias.